Dono e advogado defendem empresa de negociar vacina superfaturada

A Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19 ouve, nesta quarta-feira (18), o advogado da Precisa Medicamentos, Túlio Silveira, e, na quinta-feira (19), o proprietário da empresa, Francisco Maximiano, suspeito de tentar vender a preços superfaturados 20 milhões de doses da vacina Covaxin, produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech.

As negociações duvidosas da Precisa com o Ministério da Saúde foram reveladas pelo diretor de Importação da pasta, Luís Ricardo Miranda, e o irmão dele, o deputado federal Luís Miranda (DEM/DF). Os irmãos Miranda declararam à CPI que as suspeitas foram levadas ao conhecimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 20 de março e ele teria dito que a trama era responsabilidade de seu líder na Câmara Federal, o deputado Ricardo Barros (PP/PR).

Segundo Luís Ricardo, houve pressão de seus superiores hierárquicos no Ministério para a liberação do negócio de R$ 1,5 bilhão e que, segundo ele, seria pago em um paraíso fiscal de Singapura de maneira antecipada.

A prova do negócio suspeito era uma invoice (nota fiscal internacional) emitida pela Precisa Medicamentos. Para liberar o documento e concretizar o negócio, o servidor da Saúde disse ter recebido pressão do então diretor de Logística da pasta, Roberto Ferreira Dias, e do coronel da reserva do Exército, Marcelo Bento Pires. Luís Ricardo Miranda também disse ter recebido uma ligação do próprio Francisco Maximiano, que teria obtido o número do celular dele diretamente de Roberto Dias.

A CPI também tem contra a Precisa uma memória de reunião realizada em novembro de 2020 no qual representantes da Bharat Biotech ofereceram as mesmas 20 milhões de doses por um preço inferior ao fechado com a empresa. Neste documento, o representante indiano diz que poderá vender a dose por US$ 10, com a possibilidade de diminuir conforme a quantidade comprada. Em 20 de fevereiro a compra dos mesmos imunizantes foram contratados da Precisa por US$ 15, o maior valor a ser pago por uma vacina pelo Ministério.

 

Fonte:
Texto: Gerson Severo Dantas

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