Passista da Grande Rio se interna para retirar miomas no útero e volta para casa com braço amputado
A mãe de Alessandra dos Santos Silva, a passista que teve o braço esquerdo amputado após complicações em uma cirurgia para retirada de miomas no útero, afirmou que profissionais do Hospital da Mulher Heloneida Studart em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, tentaram esconder da família uma necrose na paciente, antes da amputação.
“Nem foto eles deixaram a gente tirar. Eu perguntei por que as mãos dela estavam enfaixadas. ‘Sua filha está com muito frio, por isso que a gente enfaixou ela’. Já estava necrosando os dedos. Eles esconderam”, narrou a mãe, Ana Maria. Alessandra ainda está com pontos pelo corpo, quase três meses após os procedimentos.
A operação foi realizada em fevereiro. A família afirma que, dias depois da alta, o abdômen também começou a necrosar, o que levou Alessandra a uma segunda internação, de 30 dias.
A mulher de 35 anos explicou ao RJ1 que os pontos na barriga até agora não cicatrizaram, razão pela qual tem dificuldades de andar. Alessandra não sabe quais foram as complicações no Heloneida Studart que levaram à amputação do braço — e, dias antes, à remoção do útero.
“Não me procuraram em momento nenhum. Eu não sei nem se eles sabem que eu estou viva”, disse a passista.
O delegado Bruno Enrique de Abreu Menezes, titular da 64ª DP (São João de Meriti), afirmou ao g1 que pretende ouvir o diretor do hospital. “Quando receber os prontuários médicos, requisitarei uma perícia ao IML para sabermos se houve negligência ou imperícia”, disse.
Mais um mês internada
O drama de Alessandra começou em agosto do ano passado, quando sentiu dores e descobriu os miomas. A cirurgia só viria no Hospital da Mulher Heloneida Studart em 3 de fevereiro deste ano. Horas depois do procedimento, médicos detectaram uma hemorragia e, no dia seguinte, decidiram retirar o útero.
Em 5 de fevereiro, parentes foram visitar Alessandra, que estava em coma e com as pontas dos dedos esquerdo escurecidas. Braços e pernas estavam enfaixados. Para a família, era o começo da necrose.