8° dia de guerra na Ucrânia mantém expectativas de negociação diplomática entre as partes

Nesta quinta-feira (3), a invasão russa à Ucrânia chega ao seu oitavo dia. Até o momento, ainda persiste a expectativa de um acordo entre as partes. Representantes russos irão se encontrar com enviados da Ucrânia para fazer nova rodada de negociações.

O local onde a conversa irá acontecer ainda não foi divulgado pelas partes.

Segundo o Ministério da Defesa da Russia, as forças armadas do país teriam dominado a cidade de Kherson, no sul da Ucrânia, onde vivem cerca de 250 mil pessoas. A informação é da agência de notícias russa RIA – mas ainda é negada pela Ucrânia.

“As divisões russas das Forças Armadas tomaram o controle total do centro regional de Kherson”, afirmou o porta-voz do ministério da Defesa, Igor Konashenkov.

Pelo menos dois prédios pegaram fogo, e parte de um dos edifícios desabou em Kharkiv nesta quarta-feira (2).

Soldados russos teriam desembarcado em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, segundo o jornal “The Guardian”, que cita um comunicado do Serviço de Segurança da Ucrânia. De acordo com o órgão, por volta de 3h (22h de Brasília), aviões russos desceram com soldados que começaram a lutar com as forças ucranianas.

Pelo menos 21 pessoas morreram e 112 ficaram feridas em um bombardeio na cidade de Kharkiv, no leste da Ucrânia, nas últimas 24 horas, disse o governador regional Oleg Synegubov nesta quarta-feira.

As autoridades disseram que ataques com mísseis russos atingiram o centro da segunda maior cidade da Ucrânia, incluindo áreas residenciais e o prédio da administração regional.

Na capital ucraniana, Kiev, a Rússia está reunindo tropas cada vez mais perto, segundo seu prefeito, Vitali Klitschko. Em um texto publicado na internet, Klitschko afirmou que os russos devem enfrentar resistência: “Estamos nos preparando e vamos defender Kiev, Kiev se mantém de pé e se manterá de pé”, disse.

Na última terça-feira, uma torre de TV na capital foi atingida, causando a morte de 5 pessoas.

Em Mariupol, no sudeste da Ucrânia, a situação já é dramática: segundo o prefeito local, nas últimas 14 horas a cidade foi atacada incessantemente por forças russas e sofreu muitas perdas. Os russos teriam cortado o fornecimento de água e estariam impedindo a retirada dos civis.

Após três dias de discursos de mais de cem de países no Fórum da Assembleia Geral das Nações Unidas para defender a paz e a segurança, nesta quarta-feira (2) foi aprovada uma resolução contra a invasão russa da Ucrânia.

Foram 141 votos a favor, 5 contra e 35 abstenções.

O Brasil se alinhou à ampla maioria e também votou a favor. Os países que votaram contra foram Rússia, Belarus, Síria, Coreia do Norte e Eritreia. A China se absteve.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, falou novamente por meio de uma transmissão sobre a situação dos ataques russos em seu país. Ele disse que 9 mil soldados russos foram mortos pelas forças ucranianas.

Ele falou diretamente a soldados russos, e disse que eles devem voltar para a casa, abandonar a guerra. Ele disse ainda que seu povo vai “vencer o terror”.

Ele fez ainda um balanço das atividades do dia, disse que telefonou para o presidente do Cazaquistão e celebrou o resultado da votação da Assembleia Geral da ONU a favor de uma resolução contra invasão da Ucrânia pela Rússia.

O procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) confirmou na quinta-feira que abrirá imediatamente uma investigação sobre possíveis crimes de guerra cometidos na Ucrânia, após um pedido de 39 dos estados membros do tribunal.

“Esses encaminhamentos permitem que meu escritório prossiga com a abertura de uma investigação sobre a situação na Ucrânia a partir de 21 de novembro de 2013, abrangendo quaisquer alegações passadas e presentes de crimes de guerra, crimes contra a humanidade ou genocídio cometidos em qualquer parte do território da Ucrânia por qualquer pessoa”, disse o promotor Karim Khan.

Refugiados

Segundo levantamento feito pela agência de refugiados da ONU (ACNUR), mais de 1 milhão de pessoas já saíram da Ucrânia desde o início da guerra contra a Rússia.

A contagem do ACNUR equivale a mais de 2% da população da Ucrânia em movimento em menos de uma semana. O Banco Mundial contabilizou a população em 44 milhões no final de 2020.

O número se torna surpreendente pela velocidade, uma vez que aconteceu no intervalo de uma semana.

A agência da ONU previu que até 4 milhões de pessoas podem eventualmente deixar a Ucrânia, mas alertou que mesmo essa projeção pode ser revisada para cima.

Sanções e bloqueios

O grupo de transporte marítimo Maersk anunciou que interromperá temporariamente todo o transporte de contêineres para a Rússia, se juntando a uma série de outras empresas após as sanções ocidentais impostas a Moscou.

A suspensão, que abrange todos os portos russos, não inclui alimentos, suprimentos médicos e humanitários, disse a dinamarquesa Maersk. A Maersk detém 31% da operadora portuária russa Global Ports, que opera seis terminais na Rússia e dois na Finlândia.

O Google anunciou o bloqueio de canais do YouTube ligados à rede de TV Russia Today e ao portal Sputinik, ambos veículos de comunicação estatais controlados e financiados pelo governo russo, em toda a Europa.

Grandes estúdios americanos de Hollywood anunciaram que não vão lançar seus próximos filmes na Rússia. Disney, Warner Bros., Sony e Paramount são alguns que anunciaram a medida para tentar pressionar o governo russo a cessar fogo.

“The Batman”, da Warner Bros., que estreia essa semana nos cinemas mundiais e “Red: Crescer é Uma Fera”, que estreia em breve no serviço de streaming Disney+, são alguns dos produtos que não estrearão em território russo. Lançamentos de outros estúdios nos cinemas como “Morbius”, da Sony Pictures, e “Sonic 2”, da Paramount, também estão fora.

O governo da Rússia, por sua vez, tem tomado uma série de ações para tentar proteger a economia das sanções externas – com algum sucesso. Neste terça-feira (1º), o rublo recuperava boa parte das perdas da véspera, mas ainda acumulava queda de quase 30% em relação aos seus melhores níveis no ano.

Fonte: G1

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