Coluna: O Debate em Torno do Adicional de Periculosidade. Por Kenji Otsuka
O adicional de periculosidade é um tema que tem gerado bastante discussão e
debates acalorados nos últimos tempos. Trata-se de um valor adicional pago aos
trabalhadores que desempenham atividades consideradas perigosas, oferecendo-lhes
uma compensação financeira pela exposição a riscos eminentes durante o exercício de suas funções.
A legislação trabalhista brasileira define as atividades consideradas perigosas e
estabelece que os trabalhadores que as exercem têm direito a um adicional de
periculosidade. Dentre essas atividades, podemos citar profissões como eletricistas,
bombeiros, vigilantes, motoboys, entre outros, em que a exposição a riscos, como
eletricidade, inflamáveis, armas de fogo, entre outros, é inerente ao trabalho.
No entanto, o debate surge quando se questiona quais atividades realmente se
enquadram nessa categoria e merecem receber o adicional. Alguns argumentam que a lista atual de profissões perigosas está desatualizada e não contempla certas ocupações que também apresentam riscos significativos para os trabalhadores.
Por outro lado, há quem defenda que o adicional de periculosidade deve ser restrito a um número limitado de atividades específicas, a fim de evitar abusos e impactos econômicos negativos para
as empresas.
Além disso, outro ponto de discussão é a base de cálculo utilizada para determinar o valor do adicional. Atualmente, o adicional corresponde a 30% do salário do trabalhador, sem incidência de encargos sociais e tributários. No entanto, há quem
argumente que essa porcentagem é excessiva e onerosa para as empresas, enquanto outros defendem que o valor é justo, considerando-se os riscos envolvidos e os impactos à saúde e segurança dos trabalhadores.
Nesse contexto, a revisão da legislação trabalhista e a atualização da lista de
atividades perigosas têm sido temas frequentemente discutidos. Propostas de inclusão de novas profissões têm sido apresentadas, bem como a análise de casos específicos em que trabalhadores de determinadas áreas reivindicam o reconhecimento de suas atividades como perigosas.
É importante ressaltar que o adicional de periculosidade é um direito assegurado
aos trabalhadores pela legislação, visando proteger sua saúde e segurança no ambiente de trabalho. No entanto, é fundamental buscar um equilíbrio entre o reconhecimento dos riscos e a viabilidade econômica para as empresas, a fim de evitar distorções e garantir a justiça nas relações de trabalho.
Em suma, o adicional de periculosidade é um tema complexo que envolve interesses diversos. O reconhecimento e a proteção dos trabalhadores expostos a riscos
são essenciais, mas é necessário um debate amplo e embasado para encontrar soluções equilibradas e garantir a segurança jurídica e econômica para todas as partes envolvidas.