Wallace Santos dedica ouro a técnica e tio que morreram durante a pandemia
Quando o peso bateu na grama, a explosão foi instantânea. Três dos cinco arremessos anteriores de Wallace Santos haviam superado a barreira dos 12 metros, mas o sexto e último, na marca de 12,63m, era o novo recorde mundial da classe F55, para cadeirantes. Os adversários não chegaram perto, e o ouro das Paralimpíadas de Tóquio foi confirmado. Uma conquista que ele dedica a duas pessoas queridas, falecidas durante a pandemia.
A técnica Jurema Henrique, que o acolheu no início no atletismo paralímpico, tratava um linfoma e morreu em novembro de 2020. Além dela, Wallace também perdeu o tio Jorge, que foi a referência masculina em sua criação.
– Quero muito dedicar essa vitória a uma pessoa que antes de falecer me colocou aqui em Tóquio. Minha técnica Jurema Henrique veio a falecer na minha preparação, na pandemia. Graças a deus ela conseguiu me deixar classificado para os Jogos, só tenho que agradecer a ela. E outra pessoa que veio a falecer foi meu tio Jorge, que me criou, teve um papel de pai. Essa vitória eu também dedico a ele e a minha família.
A lista de agradecimentos também se estende ao corpo técnico que seguiu ao lado de Wallace na reta final da preparação para as Paralimpíadas. No aspecto físico, o arremessador lembra a importância do preparador físico Paulo Henrique, e do novo técnico, Fernando.
– Duas pessoas que sempre acreditaram em mim. Eu era magrinho. Quando cheguei na Vila meus adversários perguntaram se eu não era o magrinho de 2016 (terminou em 10º na Rio 2016). Um pedaço dessa medalha é de cada um que acreditou no meu sonho. Do meu nutricionista também. Hoje estou aqui campeão paralímpico.
Outro aspecto que também foi importante: o mental. A apenas um mês da viagem para o Japão, Wallace entendeu que também seria preciso investir e contratou uma psicóloga. Ele entende que o trabalho com ela também teve valor para a vitória desta sexta-feira.
– Minha psicóloga, a Cecilia, fui procurá-la com um mês para vir para Tóquio. Ela falou que vim com fogo, com uma bomba, mas que ela era bombeira (rissos). Entrei muito focado na prova. Sabia que ia fazer o meu melhor. Graças a Deus o trabalho mental que ela falou, de visualizar o que eu queria, eu até passei. Nossa meta era 12,47m, que era o recorde do mundo. Graças a Deus consegui ultrapassar e colocar meu nome na história. Eu sou o campeão, agora todo mundo que venha.
Fonte: G1