CPI ouve reverendo nesta terça-feira e analisa 135 requerimentos
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 do Senado retoma os trabalhos de investigação acerca da atuação do Governo Federal no enfrentamento à pandemia no Brasil e toma o depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula nesta terça-feira (3). Além da oitiva, os senadores votam, ao menos, 135 dos quase 400 requerimentos de convocação e quebras de sigilo.
Amilton Gomes de Paula é apontado pelo representante da empresa Davati Medical Suplly, Luiz Paulo Dominguetti, como um dos intermediários que o levou, no dia 26 de fevereiro deste ano, ao então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, com uma proposta falsa de venda de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca. De acordo com Dominguetti, a influência de Amilton decorre da amizade dele com o coronel da reserva Hélcio Bruno, colega de turma de Élcio Franco na Academia Militar das Agulhas Negras
Dominguetti já havia feito essa mesma oferta para o então diretor de Logística da Saúde, Roberto Dias Ferreira, a quem acusa de cobrar uma propina de US$ 1 (um dólar) por cada dose comprada.
Requerimentos-bomba
Dentre os requerimentos que estão na pauta da sessão desta terça-feira da CPI está o de convocação do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e a transferência (quebra) dos sigilos telefônico, fiscal, bancário e telemático do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).
Para amanhã, estão pautados 135 requerimentos. Entre eles, estão 41 pedidos de convocação de testemunhas, 64 de quebras de sigilos e 26 de informação.
A convocação de Braga Neto, general que dirigia a Casa Civil e foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para coordenador o enfrentamento da Covid em 2020 e a reconvocação de Élcio Franco tem potencial para abrir uma crise militar, pois ambos já demonstraram contrariedade com os rumos que a investigação tomou ao expor a participação de diversos militares em casos suspeitos de corrupção.
Outro requerimento que trará desgaste para o governo é o que pede a exoneração da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, a ‘Capitã Cloroquina’, por estar supostamente atrapalhando as investigações. Este requerimento é do vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP), e foi apoiado pelo presidente, senador Omar Aziz (PSD), a quem a médica cobra na justiça uma indenização de R$ 100 mil por supostos danos morais provocados pelo vazamento de vídeos nos quais ela pede a um colega de ministério para mandar perguntas que ela repassaria a senadores governistas.
“A primeira coisa que vou fazer é perguntar quem recebeu essas perguntas encomendada para a doutora Mayra fazer um gol na CPI”, prometeu Omar Aziz.
Fonte:
Texto: Gerson Severo Dantas