CPI ouve diretor do Butantan sobre compra da CoronaVac e entrega de insumos

A CPI da Covid ouve hoje, a partir da 9h, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, sobre a negociação da CoronaVac com o governo federal e os entraves à entrega de insumos da China para a fabricação da vacina. O Butantan é o responsável pela produção do imunizante de origem chinesa no Brasil, cuja autorização para uso emergencial foi concedida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em janeiro deste ano. Até o momento, a CoronaVac é a vacina contra a covid-19 mais aplicada no país.

Os senadores pretendem esclarecer com Dimas os percalços na negociação entre o Butantan e o Ministério da Saúde. Em 20 de outubro de 2020, o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello anunciou acordo com o estado de São Paulo para a compra de 46 milhões de doses da Coronavac, com a incorporação da vacina ao Programa Nacional de Imunizações. Um dia depois do anúncio de Pazuello, no entanto, Bolsonaro desautorizou o então ministro publicamente e disse que havia mandado cancelar qualquer protocolo assinado pelo ministério para a compra da CoronaVac. Ao receber Bolsonaro no dia seguinte, Pazuello disse: “Um manda, o outro obedece”. Àquela época, o país já vivia intensa politização da olitização da vacina, com troca de acusações entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que articulou a parceria do Butantan com o laboratório chinês Sinovac para a vacina no Brasil.

O primeiro lote da CoronaVac acabou sendo comprado pelo governo federal apenas em janeiro, após críticas e reações de governadores, e numa disputa com o governo paulista para ver quem começaria efetivamente a vacinação no Brasil. A primeira dose da CoronaVac fora dos testes clínicos foi aplicada em São Paulo em evento com a presença de Doria.

Dimas Covas declarou em fevereiro que o Butantan enviou três ofícios com ofertas da CoronaVac ao governo federal que foram ignorados pelo Ministério da Saúde no ano passado. Apesar da desautorização pública sofrida, Pazuello nega ter sofrido pressão de Bolsonaro para que não comprasse a CoronaVac. Ele depôs por dois dias à CPI e foi reconvocado ontem. O novo depoimento ainda não tem data marcada, mas deve ficar para depois de 17 de junho.

O Butantan já enviou uma série de documentos à CPI após pedido de informações dos senadores. A expectativa é que Dimas Covas explique melhor como se deram as tratativas e detalhe os papéis encaminhados.

 

Fonte: Uol

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

%d blogueiros gostam disto: