Entenda o que é a ômicron XE, que teve o primeiro caso confirmado no Brasil

O Ministério da Saúde confirmou nesta quinta-feira (7) o primeiro caso da ômicron XE no Brasil, recombinação das sublinhagens BA.1 e BA.2 da variante do coronavírus. A informação, segundo a pasta, foi enviada pelo Instituto Butantan, de São Paulo.

Embora apontada pela OMS como cerca de 10% mais transmissível que a BA.2, os estudos sobre essa transmissibilidade da recombinação são iniciais. A própria Organização Mundial da Saúde, a OMS, informou que aguarda novas pesquisas sobre o assunto.

Abaixo, entenda em quatro pontos o que sabemos sobre essa variante recombinante.

Uma recombinação ocorre quando um indivíduo é infectado com duas ou mais variantes ao mesmo tempo, resultando em uma mistura de seu material genético dentro do corpo do paciente.

“A recombinação é um fenômeno natural descrito em diferentes vírus como um mecanismo de mutação para trocar material genômico. Isso pode ocorrer quando dois vírus da mesma espécie, mas geneticamente diferentes, infectam a mesma célula no mesmo indivíduo”, explica Sylvain Aldighieri, médico da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

O que é a XE, de fato?

A XE é uma mistura das duas sublinhagens da ômicron: BA.1 e BA.2.

Mas uma variante recombinante, como é o caso da XE, não é a mesma coisa que um indivíduo infectado por duas variantes ao mesmo tempo.

Carla Kobayashi, infectologista do Hospital Sírio-Libanês explica que, nesses casos, duas ou mais sublinhagens se combinam geneticamente e sofrem várias mutações até que surge então uma nova variante.

“A linhangem XE é uma junção da BA.1. com a BA.2. Mas as duas não vão infectar um indivíduo ao mesmo tempo”, explica a médica. “É importante a gente destacar isso. Elas geneticamente sofreram mutações, alteraram sua constituição genética, o seu material genético a ponto de se diferenciar como uma sublinhangem”.

Onde ela foi primeiro detectada e como foi analisada sua transmissibilidade?

A variante recombinante ômicron XE foi detectada pela primeira vez no Reino Unido no dia 19 de janeiro, segundo a OMS.

Segundo a Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA, na sigla em inglês), mais de 600 casos foram confirmados até agora no país e ela aparenta ser 9,8% mais transmissível do que a BA.2. No entanto, não há evidências suficientes para tirar conclusões sobre como a variante crescerá.

Em março, a organização disse que continua a monitorar os riscos associados às variantes recombinantes e que fornecerá atualizações à medida que mais evidências científicas estiverem disponíveis.

“A XE pertence à variante ômicron até que diferenças significativas na transmissão e nas características da doença, incluindo sua gravidade, possam ser relatadas”, disse a OMS, no seu boletim de atualização epidemiológica semanal.

Ainda de acordo com a OMS, com base em uma análise inicial das sequências disponíveis, essa ligeira vantagem de crescimento dessa recombinante sobre a BA.2 representa um percentual de cerca de 10% de aumento na transmissibilidade, mas não dez vezes.

“Estamos analisando isso com todas as informações disponíveis que temos e continuaremos a fazer isso. A análise será contínua como fazemos com todas as variantes”, acrescentou Kerkhove.

Qual o cenário para o Brasil nas próximas semanas?

Carla Kobayashi explica que ainda temos uma incerteza muito grande quanto a esse cenário epidemiológico. Isso porque apesar de termos tido esse alerta do Butantan quanto ao primeiro caso da ômicron XE no Brasil, ainda não temos dados suficientes para afirmar que há uma transmissão comunitária dessa sublinhagem no Brasil, ou seja, quando não é possível localizar a origem do contágio.

A infectologista do HSL ainda destaca que é importante sabermos essas informações, tendo em vista que os dados disponibilizados até então pela OMS são bastante precoces para estabelecer certezas nos proximos dias e meses.

“É claro que fica o alerta, é claro que temos a possibilidade de um novo aumento no número de casos, principalmente porque estamos vivendo uma mudança comportamental muito grande, a não obrigatoriedade do uso de máscaras (que reduz o risco de transmissão)”, lembra.

Por fim, Kobayashi destaca que a vacinação é a chave para a redução desses riscos. Segundo dados do consórcio de veículos de imprensa, até a última quarta-feira, a população vacinável que está totalmente imunizada é de 80,75%, mas a dose de reforço foi aplicada em somente 49,39% da população com 18 anos de idade ou mais.

“Isso previne, principalmente, eventos de Covid grave, internações, óbitos e afins”, alerta.

Fonte: G1

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