EUA anunciam doação imediata de seis milhões de vacinas para Brasil
O governo dos Estados Unidos detalhou nesta quinta-feira (3) seu plano para a doação de 25 milhões de vacinas anti-Covid, a primeira parte de um lote de 80 milhões de injeções que será exportado até o fim de junho. Ao menos 19 milhões das doses serão alocadas pelo Covax, o consórcio da Organização Mundial da Saúde (OMS). Seis milhões delas serão doadas para países da América Latina, entre os quais o Brasil.
O Brasil, contudo, ficou de fora do rol de nações que receberão doações diretas de Washington neste primeiro momento. As 6 milhões de vacinas que não serão entregues ao Covax serão distribuídas de acordo com “prioridades regionais” e parcerias. Os recipientes incluem o México, o Canadá, a Coreia do Sul e os territórios palestinos ocupados da Cisjordânia e de Gaza, onde o grupo Hamas travou uma guerra com Israel no início do mês.
De acordo com o governo norte-americano, os critérios para a distribuição das vacinas são baseados em “estatísticas sanitárias” e informações científicas, sem levar em conta afinidades políticas ou tentativas de “assegurar favores de outros países”. Washington disse ainda que priorizará países com planos de vacinação prontos que precisem de doses para imunizar trabalhadores na linha de frente e grupos de risco.
As doações vêm em meio à pressão crescente sobre o governo norte-americano, que impôs medidas protecionistas que de fato bloquearam a exportação de doses anti-Covid, em uma tentativa de priorizar a vacinação doméstica. As regras, criadas ainda durante o mandato de Donald Trump, foram mantidas por seu sucessor, Joe Biden.
Enquanto os EUA já imunizaram cerca de 51% da população norte-americana com ao menos uma dose e começam a vacinar adolescentes, menos de 1% das doses aplicadas até o momento foram para países pobres. Há semanas, muitos estados vêm rejeitando as doses alocadas por Washington, já que o número de braços dispostos a tomá-las é inferior à oferta.
Até o momento, os EUA só haviam exportado 4 milhões de doses, em um “empréstimo” feito em março ao Canadá e ao México. Mesmo assim, foram doses da Universidade de Oxford-AstraZeneca, que sequer receberam o aval para uso em território americano. O país vinha ficando para trás na diplomacia da vacina: a China, por exemplo, já exportou 300 milhões de doses, em sua maior parte para países em desenvolvimento.
Fonte: O Globo