Após ser eleito presidente, Plínio Valério nega que CPI das ONGs seria ‘trunfo’ contra governo Lula

Eleito presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que pretende investigar repasse de recursos públicos para Organizações Não Governamentais (ONGs) que atuam na Amazônia, o senador amazonense Plínio Valério (PSDB) disse nesta quarta-feira (14) que a instalação da CPI não é um trunfo contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que nem visa demonizar as organizações.

“Esta CPI não é contra o governo. Essa CPI não é para demonizar ONGs. Essa CPI é para satisfazer o sentimento dos amazônidas que já não suportam mais serem usados, utilizados por algumas ONGs que prestam desserviço ao país, ameaçando mesmo a nossa soberania. Vamos atrás dessas ONGs que pegam dinheiro em nome da Amazônia e nada fazem pela Amazônia”, discursou o senador após ser eleito para comando da CPI.

Além de Plínio, integram a cúpula da CPI o senador Jaime Bagattoli (PL-RO) na vice-presidência e o senador Márcio Bittar (União-AC) como relator. O senador Beto Faro (PT-PA) chegou a colocar o nome para disputar a relatoria, mas não recebeu nenhum voto.

No requerimento de criação da CPI, Valério apontou que um dos objetivos é investigar repasses do governo a ONGs. Também deverá ser apurada a atuação de “ONGs de fachada” que receberiam repasses de recursos públicos sem realmente prestar serviços. A comissão de inquérito deverá durar até 130 dias.

O líder do governo no Senado, senador Jaques Wagner (PT-BA), disse que acredita na palavra do senador Plínio Valério de que a CPI não será contra o governo ou as ONGs.

“O que espero é que a gente não hostilize e nem acoberte nada. Acho que temos que ter transparência até que a luz do dia possa tirar dúvidas. Não tenho nenhuma desconfiança de que essa CPI seja contra o governo e espero que não seja CPI contra ninguém, especificamente”, declarou Wagner.

O ex-vice-presidente da República na gestão Bolsonaro, senador general Mourão (Republicanos-RS), um dos membros permanentes da comissão, reforçou o argumento de Valério de que a CPI não é contra o governo.

Mourão sugeriu, sem elementos, que as ONGs agem a mando de superpotências que buscam ter uma alegada supremacia na Amazônia.

“Se buscar ter essa supremacia por uma estratégia indireta como um dos braços o uso supostamente benéfico organizações não governamentais. Essa é a nossa grande tarefa nessa comissão, defender o Estado brasileiro. Não estamos aqui para fazer caças às bruxas e nem para perseguir ninguém”, disse.

Nesta sessão de instalação, a comissão não aprovou nenhum requerimento, pedido de informação, convite ou depoimento. A próxima sessão ocorre na manhã de terça-feira (20).

A CPI proposta por Plínio foi instalada depois de quase cinco anos. Ele apresentou o requerimento de criação do colegiado em outubro de 2019. O presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), leu o requerimento para instalação no dia 4 de abril.

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