“Eu fui a última pessoa a falar com ele”, diz irmã de piloto morto em queda de avião

Familiares do piloto Leandro Costa Souza, 40 anos, compareceram neste domingo (17) na sede do Instituto Médico Legal (IML), localizado na avenida Noel Nutels, segunda etapa do bairro Cidade Nova, para a liberação do corpo. Ele é uma das 14 vítimas que morreram após queda do avião em Barcelos.

 

Leandro morava em Manaus, mas o velório acontecerá em Boa Vista, capital de Roraima, cidade natal do piloto. A previsão é de que o sepultamento ocorra às 17h desta segunda-feira (18). Ele era casado e deixa uma filha de cinco anos de idade.

 

 

Irmã de Leandro, a médica Leidiana Costa Nobles revelou que ele começou a carreira aos 18 anos de idade. Landro pilotava a aeronave modelo Embraer EMB-110P1, conhecida como Bandeirante, há 11 anos e trabalhava para a empresa Manaus Táxi Aéreo há quatro anos.

 

“Ele tinha mais de seis mil hora de voo e a rota era bem conhecida dele. É uma rota que ele ja fazia há mais de 10 anos. A gente não sabe ainda as causas do acidente, estipula-se que seja mau tempo, mas ainda está no processo de investigação”, declarou.

Últimos momentos

 

Leidiana, que era muito próxima ao irmão, contou que no dia do acidente ele seguiu toda a rotina a qual já estava acostumado ao longo dos anos. “Esse voo era comum dele fazer, não era rota nova, não era um avião novo, não era uma equipe nova. Tudo pra ele já era rotina, que ele fazia há muitos anos”.

 

A irmã foi a última pessoa a falar com Leandro, que faria esse voo duas vezes no sábado (16), todas com pescadores. Ao lado do piloto, estava o copiloto, comandante Fernando Luiz Galvão Bezerra, 32 anos, que também morreu no acidente. Bezerra deixa uma esposa e uma filha. Os familiares também compaceram no IML, mas, abalados, não quiseram conceder entrevista.

 

“Acredito que eu tenha sido a última pessoa que ele tenha conversado, porque eu estava no momento de lazer com a família, que era uma das coisas que ele gostava de fazer, e eu fiz um vídeo pra ele ver o que a gente tava fazendo. Ele recusou o vídeo e mandou um áudio dizendo que não podia mandar mensagem, porque ia decolar, e quando chegasse ia mandar mensagem. Mas eu falava com ele sempre, independente disso, sempre”, relembrou.

O copiloto, Fernando Luiz Galvão Bezerra Junior, 32 anos, também morreu na queda do avião. Nas redes sociais recebeu homenagem de amigos e familiares. (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

O copiloto, Fernando Luiz Galvão Bezerra Junior, 32 anos, também morreu na queda do avião. Nas redes sociais recebeu homenagem de amigos e familiares. (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

 

A notícia

 

A familiar recebeu a notícia do falecimento do irmão pela esposa dele e lamentou o fato de as informações atualmente se espalharem tão rápido por meio das redes sociais.

 

“Infelizmente, eu como tenho uma especialidade na área de medicina aeroespacial e tenho conhecimento técnico, se fôssemos seguir o fluxo mesmo da legislação, a informação inicial quem tem que passar é o proprietário e o gestor da empresa para a família. Mas a gente sabe que hoje, com a rede social, as informações disseminaram. Eu vi pessoas que eu estava sem falar há anos mandando mensagem pra mim ontem”, disse.

Nobles disse que nesse primeiro contato, “a empresa informou que o avião tinha colidido num barranco, na cabeceira da pista e que não tinham mais informações. No entanto, a gente sabe das redes sociais, vídeos, fotos… Hoje a gente não consegue mais manter a privacidade, né? E antes da esposa chegar no aeroporto, ela já sabia que não tinha ninguém vivo dentro da aeronave”.

 

Chegada dos corpos

 

Em Barcelos, após remoção de dentro da aeronave ainda na tarde de sábado (16) os corpos foram perfilados em cima de mesas dentro do ginásio de uma escola municipal, lugar onde aguardaram a remoção para Manaus.

 

Os corpos deram entrada no IML por volta das 17h, após desembarcarem em Manaus às 16h vindos de Barcelos (distante 399 quilômetros em linha reta) por meio de uma aeronave da Força Aerea Brasileira (FAB), modelo C105.

 

Os 14 corpos foram conduzidos ao IML na tarde deste domingo (17). (Foto: Junio Matos/ACrítica)

Os 14 corpos foram conduzidos ao IML na tarde deste domingo (17). (Foto: Junio Matos/ACrítica)

 

Viaturas da Polícia Militar do Estado do Amazonas (PMAM) foram posicionadas em locais estratégicos no IML, para acompanhar a chegada dos corpos dos doze passageiros, piloto e copiloto que estavam na aeronave.

 

Uma equipe de assistentes sociais da Secretaria de Assistência Social (Seas) permanece no IML para dar apoio psicológico aos familiares das vítimas do acidente. A FAB informou neste domingo (17) que não tem prazo para concluir as investigações acerca do acidente.

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