Coluna: ” A Abolição do Homem”. Por Robson Nascimento

“A Abolição do Homem” é um livro escrito por CS Lewis e publicado em 1943. Nesta obra, Lewis aborda de forma profunda e inteligente as consequências culturais, éticas e educacionais do avanço da ‘‘ciência e da tecnologia’’, especialmente no que se refere à noção de valores e moralidade tão relativizada, especialmente nos tempos de hoje.

Lewis argumenta que à medida que a sociedade moderna se volta para uma visão materialista, científica e ideológica do mundo, tende a diminuir a importância dos valores humanos universais e da moralidade objetiva.

 

Lewis adverte que esse comportamento pode resultar na perda daquilo que nos torna verdadeiramente humanos, como a empatia, a compaixão e a responsabilidade moral.

O livro é um alerta sobre os perigos de uma mentalidade que nos afasta do que é essencial que são aspectos morais e éticos da humanidade. Nos lembra da importância da preservação de valores universais, da tradição e de uma compreensão profunda da natureza humana para evitar a perda daquilo que construiu a nossa sociedade, que são os valores fundamentados na crença e na religião.

 

Um filósofo chamado Friedrich Nietzsche uma vez disse: “Deus está Morto”. Diferente do que alguns acreditam, o filósofo não estava declarando a morte literal de Deus, mas dos valores, princípios e do respeito a tradição que a religião tinha como influência sobre as pessoas. Ele acreditava que essa perda dos valores religiosos se devia ao crescimento da modernidade, da ciência, das mudanças culturais, do pensamento crítico. Ele percebeu que ao mesmo tempo que crescia a valorização da razão, do afastamento da religião, se crescia também uma perda moral e falta de significado, de orientação e direção, de falta de sentido na vida. Uma crise existencial.

 

Em uma de suas citações ele meio que profetiza este acontecimento:

‘‘O homem moderno crê experimentalmente ora neste, ora ⁠naquele valor, para depois abandoná-lo; o círculo de valores superados e abandonados está sempre se ampliando; cada vez mais é possível perceber o vazio e a pobreza de valores; o movimento é irrefreável. (…) A história que estou relatando é a dos dois próximos séculos. ” Para ele este é um ponto de virada que na minha concepção é mais atual do que nunca, e sua preocupação era: se o homem estava perdendo esse fundamento moral proveniente da crença em Deus, como ficaria a humanidade sem uma base moral e de valores?

 

Lewis cita: ‘‘Produzimos homens sem peito e esperamos deles virtude e iniciativa. Caçoamos da honra e nos chocamos ao encontrar traidores entre nós. Castramos e ordenamos que os castrados sejam férteis.’’

Lewis, um cristão, Nietzsche, embora não declaradamente ateu, mas um grande crítico do cristianismo, convergem no mesmo pensamento de que falta ou a relativização da moral, da ética, dos valores é muito perigoso podendo nos levar à nossa própria abolição.

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