Coluna: Cultura Inútil; Por Robson Nascimento

Estava eu outro dia em uma rede social, quando aparece no meu feed a página da Secretaria de Cultura do Estado contendo nela uma banda local cantando e dançando. A letra da música, além de ter muitas partes incompreensíveis, havia, como em muito do gênero, um apelo cultural e moral muito aquém do que poderia se esperar de uma boa música e performance de coreografia, confesso até que o que havia de mais ”artístico’’, era a coreografia, pois para elaborar movimentos cênicos corporais, se exige uma pouco mais de inteligência, coisa que a letra da música não tinha.

Na página, acabei deixando um comentário dizendo que aquilo era uma cultura inútil e, como de praxe, houve quem gostou, comentou e curtiu, enquanto outros fizeram comentários ofensivos a minha pessoa. Mas tudo bem, não devo nada a eles e nem eles a mim, seguimos em frente.

Bem, iniciei com esse pequeno relato para poder falar um pouco de cultura. Em uma pesquisa sobre a palavra chegamos a alguns conceitos básicos: “Em uma visão antropológica, podemos o definir como a rede de significados que dão sentido ao mundo que cerca um indivíduo, ou seja, a sociedade. Essa rede engloba um conjunto de diversos aspectos, como crenças, valores, costumes, leis, moral, línguas, etc.”

Como podemos entender, a cultura é o conjunto de sentidos que está ao nosso redor, e quando esse conjunto começa a perder sentido, e é muito relativizada, a sociedade, as famílias, as instituições, as pessoas, começam a perder sentido. A pessoa culta, que alguns acham esnobe, é aquela pessoa que ver e busca significado nas coisas, busca o que é belo, moral, ético e tudo aquilo que transcende a si, que busca algo maior. E uma pessoa consegue interpretar todos esses sentidos a partir de sua própria cultura familiar, do sistema educacional, do seu país, do lugar onde mora… Se esta pessoa teve forte influência para a busca de sentido, logo ela saberá aquilo que consumir das culturas vigentes ao seu redor, sejam elas boas ou ruins, ela saberá o seu limite e o que absorver.

Temos uma cultura fantásticas, de cores, de músicas, de regiões com seus sotaques bem peculiares, que, acho maravilhoso. Nosso país, por ser de um tamanho continental, nos dá esse privilégio, de perceber isso, na prática, basta uma pequena viagem a algum interior que já se percebe as diferenças.

Mas infelizmente, como em muitas outras épocas, alguns valores e significados vão se perdendo. Por exemplo, a música: sempre tivemos, em todas as épocas, músicas boas e ruins, mas até as músicas ruins, tinha alguma complexidade, inteligência, vocação, dom, para serem feitas. Hoje, me parece que é apenas um amontoado de sons e batidas, com letras chicletes e repetitivas que no qual você só canta aquela parte que se repete. Quando leio algumas das letras mais famosas, chego a ter um mix de emoções descontroladas, às vezes não sei se fico sério ou se choro, ou se simplesmente solto a gargalhada. É você deve estar pensando que sou um cult chato (haha).

E um dos motivos dessa baixa cultura ou cultura inútil, é a tal rebeldia juvenil, de querer se renovar, de se reescrever, de renegar a tradição das boas coisas que construíram a humanidade. O mais intrigante de tudo isso é fato deles não colocarem nada melhor acima do que eles chamam de retrógrado, eles a destroem sem transformar em algo melhor.
Podemos ver isso na política, nas artes, na religião, no cinema e na música, estamos sendo bombardeados de todo tipo de conteúdo de baixo valor e significado.

Do ponto de vista formativo, prático ou intelectual, não se agrega nada. Do que adianta a cultura da diversidade se esta não contribui em nada na sociedade uma formação moral, prática e intelectual? Não é porque é hipervalorizado hoje em dia, que essa tal cultura nos faça bem. Assim como a ciência, a arte, a política contribui, a cultura, no sentido mais profundo do seu significado, deve contribuir para o bem essencial da sociedade, difundindo o que há de mais belo entre as pessoas.

 

 

 

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