Crise do oxigênio no Amazonas completa um ano com impunidade e incerteza causada pela ômicron

Há exato um ano, a crise do oxigênio no Amazonas causava perplexidade em todo o mundo e marcava um dos momentos mais tristes da pandemia no Brasil. No dia 14 de janeiro de 2021, o caos se instalou no sistema de saúde de Manaus, quando faltou oxigênio nos hospitais.

Na época, o estado registrava recorde de internados com Covid, e as unidades ficaram superlotadas. O Amazonas foi o primeiro estado do país a sofrer com os impactos da segunda onda da Covid.

Investigações do Ministério Público e da Defensoria Pública apontam que mais de 60 pessoas morreram em todo o estado por conta da falta de oxigênio. Mais de 500 pacientes foram transferidos às pressas para hospitais em outros estados.

Três dias antes da crise eclodir, em 11 de janeiro, a White Martins, empresa responsável pelo fornecimento de oxigênio ao Governo do Amazonas, informou que a demanda estava seis vezes acima do que vinha sendo registrado ao longo da pandemia.

Ao g1, a White Martins afirmou que possuía capacidade para produzir um volume de oxigênio três vezes maior do que o contratado pelo governo, mas a demanda já superava a sua capacidade.

Na ocasião, o governador do Amazonas, Wilson Lima, já descrevia a situação como dramática, por conta da demanda crescente do estado.

Segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), um relatório apontou que o Ministério da Saúde foi informado no dia 8 de janeiro sobre a iminente falta de oxigênio pela empresa White Martins.

Apesar disso, o então titular da pasta, Eduardo Pazuello, agiu tardiamente para enfrentar o problema. Naquela época, a pasta se dedicava propagar o uso de medicamentos ineficazes no combate à doença, como a hidroxicloroquina.

Durante o período, documentos enviados do Ministério da Saúde a Manaus sugeriam a criação de tendas para indicar remédios sem eficácia comprovada contra a Covid.

A CPI da Covid, instalada no Senado, também mostrou que uma carta foi enviada pela White Martins ao governo do Amazonas no dia 16 de julho de 2020, indicando que o estoque de oxigênio fornecido pela empresa ao estado não suportaria um colapso na saúde pública, justamente o que aconteceria em janeiro de 2021.

Após seis meses de trabalho, a CPI aprovou o relatório final, que atribuiu nove crimes ao presidente Jair Bolsonaro e pediu 80 indiciamentos por crimes na pandemia.

Apesar da Justiça ainda não ter responsabilizado ninguém pelo trágico episódio, ações em diferentes órgãos tentam responsabilizar os culpados. Há processos em andamento na Procuradoria-Geral da República, Ministério Público Federal, Ministério Público do Amazonas, Defensoria Pública, entre outros.

De acordo com a White Martins, o consumo atual de oxigênio nas unidades de saúde atendidas pela empresa no Amazonas é de 11,4 mil metros cúbicos diários, o que representa um sexto da demanda na época.

Durante a crise, foram instaladas 41 miniusinas geradoras do gás oxigênio, sendo 11 na capital, e 30 distribuídas em outros 26 municípios do interior, que seguem em funcionamento, segundo a SES.

Somados as produções das miniusinas e das empresas que possuem contrato com o governo, a capacidade de produção de oxigênio medicinal no Amazonas gira em torno de de 60 mil metros cúbicos por dia, conforme a SES.

Fonte: G1

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