Coluna: A biopirataria na Amazônia no Século XIX por Eliton dos Reis
Conhecido ao longo da história por cometer o primeiro ato de biopirataria do mundo em 1876, ao remover as sementes da planta da borracha brasileira, enviá-las para a Inglaterra e iniciar a indústria da borracha no Sudeste Asiático.
Foi o inglês, Henry Alexander Wickham (1846-1928), que transportou 70 Mil sementes de seringueira da Amazônia para o Kew Garden, na Inglaterra, após selecionadas geneticamente, enviadas para plantações na Malásia, dando início o plantio industrial de Hevea no oriente, dizimando a renda e ceifando a saúde de milhares de amazônidas que por aqui, viviam da economia gomífera.
Wickham obteve sucesso em enganar as autoridades portuárias em Belém-Pará, informando que a carga de sementes que estava enviando para Londres tratava-se de material botânico destinado a um herbário , acondicionou os grãos em cestos indígenas, forrando o conjunto com folhas de bananeira para evitar a formação de uma camada de cianeto. A embarcação da carga foi o SS Amazonas, que partiu de Manaus rumo a Inglaterra.
30 anos antes do roubo das sementes, quando Henry ainda morava na área do Tapajós, já se desconfiava que os ingleses estavam fazendo mudas de seringueira no oriente, mais não acharam que isso traria a devastação para a região amazônica, fechando as portas de vários comércios e trazendo a miséria ao povo de Manaus.
Três décadas e meia depois, das 70 mil sementes, 2.900 germinaram, e passaram a produzir a rica seiva.
Em 1920 os seringais do Oriente produziam 1,5 milhão de toneladas de borracha, contra 20 mil toneladas da Amazônia.
Praticamente todas as seringueiras do Extremo Oriente hoje são derivadas de sementes coletadas por Henry Wickham.
Podemos dizer que esse sr. foi um dos principais causadores da grande crise vivida pelo povo de Manaus e do Amazonas na década de 1910.